As Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs) são caracterizadas pela presença de um processo inflamatório crônico e complexo do trato gastrointestinal, sendo representadas, principalmente, pela Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa. De acordo com a Sociedade Brasileira de Coloproctologia, os distúrbios afetam mais de 5 milhões de pessoas no mundo, com maior incidência entre pré-adolescentes, adolescentes e jovens adultos, seguida por um novo pico já na terceira idade.

Segundo o Dr. José Francisco da Silva, gastroenterologista do Hospital Santa Teresa, a principal hipótese é a existência de um mecanismo multifatorial relacionado à genética, imunidade e fatores ambientais, como dietas, higiene, uso de antibióticos durante a primeira infância, entre outros. O diagnóstico é feito através de histórico clínico, exames clínicos e laboratoriais, colonoscopia com biópsias e ressonância magnética de abdome e pelve.

Em muitos casos, a descoberta acontece de forma tardia por causa da associação dos sintomas iniciais com outras causas. Isso porque os primeiros sinais aparecem por meio de diarreias esporádicas e uma dor abdominal discreta, que acabam não recebendo a atenção adequada do paciente: “normalmente, os primeiros sintomas são atribuídos à alimentação, verminoses, gastroenterite aguda infecciosa ou síndrome do intestino irritável. Então, a pessoa faz uso de dietas ou medicação por conta própria e melhora temporariamente, o que retarda a procura por auxílio médico e, consequentemente, pelo descobrimento do diagnóstico precoce”, conta o especialista.

A Retocolite Ulcerativa e a Doença de Crohn se manifestam de maneiras distintas. Conforme explica o Dr. José Francisco, a primeira ataca o cólon e o reto, causando uma inflamação com úlceras superficiais (mucosas e submucosas) de modo contínuo, gerando dor abdominal, diarreia muco sanguinolenta, urgência evacuatória, tenesmo e emagrecimento. Já a segunda, tem a capacidade de afetar qualquer parte do sistema digestivo da boca até o ânus, causando inflamação com úlceras profundas em pontos isolados de todas as camadas da parede intestinal. Com a evolução da doença, é possível a ocorrência de uma estenose, ou seja, a inflamação pode causar cicatrizes que estreitam o canal do intestino, dificultando a passagem de alimentos e causando dor, inchaço e obstrução. Em algumas situações, as manifestações de ambas as doenças também se estendem para fora do intestino de forma dermatológica (eritema nodoso, pioderma gangrenoso, psoríase e aftas orais), oftalmológicas (uveítes e episclerites), hepatobiliar (colangite esclerosante primária e colelitíase) e músculoesqueléticas (artrite, sacroileíte e espondilite anquilosante).

O tratamento envolve cirurgias e medicações orais, venosas e subcutâneas. Para o gastroenterologista do Hospital Santa Teresa, a conscientização sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais é muito importante para alertar a sociedade. “Como são doenças pouco conhecidas da população, torna-se necessário o uso de estratégias para educação e conscientização com o intuito de promover a busca precoce por tratamento, evitando complicações e melhorando consideravelmente a qualidade de vida dos pacientes”, comenta.

Obrigada! 

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