Dados do Panorama do Comércio, publicação da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) divulgada esta semana, mostram que, após quatro quedas consecutivas, o Indicador de Confiança do Comércio voltou a crescer no Brasil, alcançando 87,5 pontos em abril de 2025. No entanto, Petrópolis ainda não acompanha esse ritmo de recuperação e registra números que refletem os desafios locais, especialmente no mercado de trabalho, de acordo com a Câmara de Dirigentes Lojistas de Petrópolis.


O levantamento apurou que o avanço no índice nacional foi puxado pelo aumento das expectativas dos empresários, que subiram de 78,8 pontos para 87,5 — crescimento de 11% em relação a março. A percepção sobre o momento atual, no entanto, ficou praticamente estável, com 88,2 pontos. Apesar da melhora no curto prazo, a comparação com abril de 2024 mostra uma queda, reflexo da alta dos preços e da desaceleração na atividade econômica.


Enquanto isso, Petrópolis terminou o primeiro trimestre do ano com saldo negativo no setor de comércio: foram 81 desligamentos, segundo dados do CAGED. A retração acompanha a tendência nacional, onde o comércio registrou fechamento de 13.659 vagas formais entre janeiro e março. Ainda assim, o país manteve saldo positivo geral no mercado de trabalho, impulsionado principalmente pelo setor de serviços, que criou 362.866 vagas no período.


“O Brasil dá sinais de recuperação, mas Petrópolis enfrenta dificuldades para acompanhar esse movimento. Nosso comércio ainda sofre os efeitos de sazonalidades e de uma economia que precisa de estímulos mais constantes. A taxa de desligamentos no setor neste primeiro trimestre, ainda que seja um “tendência” após as contratações temporárias de final de ano, é um sinal claro de que precisamos estar atentos”, avalia Cláudio Mohammad, presidente da  CDL Petrópolis.


O mercado de trabalho formal brasileiro criou 655 mil vagas no primeiro trimestre de 2025 — número inferior às 726 mil geradas no mesmo período do ano passado. Em março, o saldo foi de 71.576 vagas, após um fevereiro que havia apresentado resultado recorde. Apesar da desaceleração, os dados ainda indicam dinamismo, sobretudo no setor de serviços. Já o desemprego no país subiu para 7,0%, considerando tanto empregos formais quanto informais.


Outro ponto de preocupação, tanto no cenário nacional quanto em Petrópolis, é o custo do crédito. A taxa média de juros para pessoas físicas chegou a 35,4% ao ano em março de 2025, segundo o Banco Central. No rotativo do cartão de crédito, o índice impressiona: 445% ao ano. No crédito consignado, a taxa foi de 26%.


“Os juros altos limitam o consumo e afetam diretamente o comércio. O consumidor pensa duas vezes antes de comprar, e o lojista sente esse impacto no dia a dia. Precisamos de crédito mais acessível, políticas que incentivem o consumo consciente e, acima de tudo, geração de empregos”, destaca Mohammad.


Apesar das taxas elevadas, o saldo de crédito no país continua crescendo, principalmente entre pessoas físicas. As novas regras do consignado, que já movimentaram R$ 7,7 bilhões até meados de abril, devem manter essa tendência nos próximos meses. A CDL alerta, no entanto, para a importância do uso consciente do crédito, a fim de evitar o superendividamento.


“A expectativa é de que, com a proximidade de datas comemorativas, eventos e alta temporada turística para nós, que é o inverno, o comércio de Petrópolis consiga retomar o crescimento, acompanhando, ainda que em ritmo próprio, a tendência de recuperação da economia brasileira”, afirma Cláudio Mohammad. 

 

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