Diante da dificuldade de
acesso ao crédito e dos altos índices de inadimplência no país, muitos
brasileiros têm recorrido a uma solução arriscada: pedir o nome de amigos ou
familiares emprestado para realizar compras ou financiamentos. Segundo pesquisa
da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil, em
parceria com a Offerwise Pesquisas, que acaba de ser divulgada 29% dos
consumidores utilizaram o nome de terceiros em operações como cartão de
crédito, empréstimos, crediários e financiamentos nos 12 meses anteriores ao
levantamento.
A prática, que parece
inofensiva à primeira vista, pode gerar sérias consequências — tanto
financeiras quanto nos vínculos afetivos. O presidente da Câmara de Dirigentes
Lojistas de Petrópolis (CDL Petrópolis), Cláudio Mohammad, chama atenção para
os reflexos locais do problema: “Esse comportamento, também comum em
Petrópolis, precisa ser encarado com seriedade. Em geral, quem pede o nome
emprestado já enfrenta dificuldades financeiras, o que aumenta o risco de
inadimplência. E quando a conta chega, ela vem no nome de quem emprestou, o que
pode gerar prejuízo financeiro, colocar essa pessoa em cadastro de
inadimplência e abalar relações de confiança”, alerta.
O levantamento aponta que o
cartão de crédito é o meio mais utilizado por quem faz compras no nome de outra
pessoa (21%), seguido por empréstimos (4%), crediário (4%), financiamentos (3%)
e cheque (2%). As justificativas mais comuns para essa decisão são nunca ter
tentado crédito em nome próprio (24%), estouro do limite do cartão ou cheque
especial (24%) e a recusa de crédito (18%).
Entre os que recorrem ao
“empréstimo de nome”, os alvos preferenciais são pessoas do círculo familiar:
cônjuges (26%), irmãos (18%) e pais (18%). Amigos e outros parentes aparecem em
seguida, com 17% cada.
“O comércio local precisa de
consumidores com saúde financeira. Quando as famílias se endividam, todos
perdem: o consumidor, o lojista e a economia da cidade como um todo. Por isso,
é fundamental orientar a população sobre os riscos e incentivar o consumo
responsável”, destaca Cláudio Mohammad.
A pesquisa também mostrou que
os produtos mais comprados com nome de terceiros são itens de uso imediato,
como supermercado (16%) e vestuário (15%), seguidos por eletrônicos (15%). A
maioria dos entrevistados (84%) diz que paga ou pagou as parcelas em dia. Ainda
assim, 64% afirmam que não emprestariam seu nome para ninguém — um indicativo
de que muitos compreendem os riscos envolvidos.
Para a CDL Petrópolis, é
importante que consumidores busquem alternativas menos arriscadas antes de
recorrer à prática. “Sabemos que há um apelo emocional envolvido quando alguém
próximo pede ajuda. Mas é preciso colocar na balança: o nome é um patrimônio. É
melhor orientar, buscar outras soluções ou até mesmo dizer ‘não’, do que arcar
com uma dívida que não é sua. Preservar a saúde financeira é também preservar
vínculos afetivos”, afirma o presidente da entidade.
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