“Hoje eu até sorrio, não tanto como antes. Ele queria desfigurar meu rosto. Fui muito agredida. Pensaram que eu não resistiria”. As marcas do passado, deixaram cicatrizes até hoje. Duas décadas depois de sobreviver a uma violência brutal, a palestrante Luciana de Jesus, voltou a dar voz à própria história. As frases, antes silenciadas na alma, foram estampadas como símbolo de superação, em um dos eventos das empresas de ônibus, no Agosto Lilás, em Petrópolis.
Em uma homenagem emocionante, mais de 50 profissionais rodoviários, da Cidade Real, receberam com muitas palmas a palestrante que, antes mesmo de falar uma palavra, já havia impactado todos os presentes, quando as colaboradoras da empresa, em silêncio, mostrando apenas frases, contaram parte da história da convidada.
“Anunciaram o meu nome, como palestrante, e começaram a entrar mulheres, segurando plaquinhas com algumas frases. Quando vi a segunda entrar, logo identifiquei que estavam contando a minha história. Os olhos delas brilhavam, eu não consegui me segurar e me emocionei bastante”, contou a palestrante.
Durante a palestra, Luciana, atualmente com 50 anos de idade, orientou as mulheres sobre os riscos de um relacionamento tóxico. “Na época, não havia qualquer respaldo. Hoje, tem. Quando há brigas, que ultrapassam os limites e geram o desrespeito, a melhor alternativa é ficar sozinha. Ninguém é propriedade de ninguém”, destacou.
O evento, realizado na última terça-feira (26), contou com a participação de representantes da secretaria da mulher e também de uma policial responsável pela Patrulha Maria da Penha, da 105ª Delegacia de Polícia. Estiveram presentes representantes dos setores operacional, administrativo e manutenção.
Durante o Agosto Lilás, a garagem da empresa Cidade das Hortênsias também recebeu uma palestra sobre a violência contra a mulher, em parceria com o Centro de Referência de Atendimento à Mulher (Cram), ministrada por uma policial da 106ª Delegacia de Polícia. Rodoviários participaram da ação, que contou com um coffee break.
Para Valesca Rodrigues, psicóloga da empresa, o encontro foi importante para tratar sobre os direitos da mulher, o perfil do abusador e como é o processo após a denúncia. “É importante que cada uma de nós conheça seu direito. Garantir a proteção contra a violência é permitir que mulheres e meninas possam crescer, liderar e transformar o mundo. Quando todas têm voz, toda a sociedade avança”, concluiu.
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