Durante a semana que antecede o Dia de Finados (02/11), muitas famílias costumam trazer à memória a lembrança dos entes queridos que já se foram. Essa dor familiar pela ausência humana é bastante validada em sociedade. Com o passar dos anos e as mudanças culturais, especificamente quanto à relação seres humanos x animais de estimação, os pets passaram a ter lugar marcante nos lares brasileiros. Entretanto, quando a morte do animalzinho acontece e, geralmente, é muito sofrida pelos integrantes das famílias, os abalos dessa perda ainda são pouco compreendidos pelo senso comum.
Para expandir o entendimento
sobre a tristeza que se instala quando chega a finitude destas vidinhas, a
tanatologia, que  estuda a morte e suas
implicações na vida humana, também chegou à medicina veterinária. “O ser humano
ainda sente muita carência de acolhimento e validação quando o assunto é a
morte de um animal de estimação. O profissional de tanatologia veterinária tem
o compromisso de oferecer suporte emocional neste momento tão delicado”,
explica a médica veterinária Jacqueline Alves, que faz acolhimento ao luto pet,
na Clínica Amigo Bicho, em Petrópolis.
Jacqueline é seguidora do
Instituto TanatoVet, do Rio de Janeiro, que tem como missão fornecer
conhecimento, ferramentas e apoio para que profissionais de veterinária possam
lidar com essas situações de maneira sensível e humanizada, promovendo
bem-estar tanto para os animais, quanto para suas famílias. “O meu trabalho
teve início em 2020, quando eu também passava pelo luto com a perda dos meus
animais de estimação. Então, fui convidada a fazer do meu sofrimento uma
ferramenta de ajuda ao próximo. Busquei entender o motivo de nos apegarmos a um
animal de estimação e o porquê da sua partida nos afetar tanto. Assim, pude
ouvir histórias lindas e intensas  sobre
luto e ressignificação da dor”, relata.
Para Ana Angélica Souza, que
vem passando pelo luto do gatinho Toby, 
o atendimento é considerado um diferencial inovador. “Para mim e minha
mãe, Toby virou estrelinha em setembro, 
aos quatro anos, de insuficiência renal, de forma muito prematura. Nós
estamos recebendo todo apoio e suporte emocional nesse atendimento pioneiro em
Petrópolis. Pensar em nossos pets no momento final de suas vidas e em nós
tutores durante esse processo e após suas mortes, não tem preço, tem amor, tem
humanidade. Afinal, não perdemos apenas um pet, mas sim o amor de nossas vidas.
Agradeço por cuidarem
deles, por cuidarem também de nós”,
declara.
Assim como acontece com as
responsáveis pelo Toby,  o trabalho
oferece suporte emocional durante doenças graves ou terminais, ajudando o
responsável pelo pet a lidar com o processo com mais serenidade. “O tutor
escolhe o formato: clínica, casa ou chamada de vídeo. Juntos, lidamos com o
luto antecipado, traçando estratégias para ansiedade, culpa e medo da perda.
Damos apoio especial a crianças e idosos, orientamos nas decisões difíceis e
preparamos emocionalmente para a despedida”, elucida Jacqueline.
 


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