As câmeras de segurança do
Ponto de Entrega Voluntária (PEV) do Catobira registraram, nesta semana, mais
um episódio de descarte irregular em Petrópolis. Dois homens foram flagrados
deixando partes de um armário no local — mesmo após o sistema sonoro emitir o
aviso de que ali só é permitido o descarte de recicláveis. O alerta foi
ignorado, e as imagens já foram encaminhadas às autoridades, que agora
trabalham para identificar os responsáveis.
O caso reforça uma preocupação
crescente: a contaminação dos PEVs por materiais inapropriados, que compromete
a reciclagem e gera prejuízos ambientais, operacionais e econômicos. Nos
últimos meses, o projeto Conexão Verde tem enfrentado situações recorrentes de
descarte inadequado, incluindo restos de comida, cimento, móveis e até sofás
inteiros em caçambas destinadas exclusivamente a vidro, papel, plástico e
metal.
Segundo o idealizador do
Conexão Verde e gestor da Opensat, César Magno, os flagrantes mostram que a
cidade vive um momento crítico. “Não é um caso isolado. Temos visto móveis,
entulho e até resíduos orgânicos sendo jogados nos PEVs, mesmo com sinalização
clara e aviso sonoro. Quando isso acontece, perdemos toda a carga — toneladas
de material que poderiam voltar para a indústria acabam indo para o aterro. É
um desperdício ambiental, financeiro e de trabalho humano. Precisamos que a
população entenda que reciclagem começa em casa, na forma como cada um separa e
descarta seus resíduos”, afirma.
Mesmo com investimentos na
expansão dos PEVs e na coleta de vidro, a contaminação dos pontos continua
sendo o principal obstáculo para que o material reciclável realmente complete
seu ciclo. Com a identificação dos responsáveis pelo descarte irregular no
Catobira, a expectativa é reforçar a fiscalização e, principalmente, estimular
um uso mais consciente dos espaços destinados à reciclagem.
O caso no PEV do Catobira
também reforça um problema que afeta toda a cidade: o descarte irregular de
entulho, lixo verde e resíduos volumosos em locais inadequados. A prática, que
configura infração ambiental, tem sido registrada em diversos bairros de Petrópolis
e sobrecarrega tanto os PEVs quanto o sistema de limpeza urbana, já alertado
pela própria Companhia Municipal de Desenvolvimento de Petrópolis (COMDEP).
Quando materiais como restos de obras, móveis, madeira ou jardinagem são
deixados em vias públicas ou misturados ao lixo comum, equipes de coleta não
conseguem realizar o trabalho de forma eficiente, o que provoca acúmulo de
resíduos, atrasos nas rotas e prejuízo ao meio ambiente. O alerta é
compartilhado por órgãos municipais e por projetos como o Conexão Verde: sem a
participação da população e o descarte correto em cada etapa, o esforço técnico
e operacional não é suficiente para manter a cidade limpa e garantir que o
material reciclável cumpra sua função.
Parceria com Tião Santos busca
reverter este cenário
Ações como essa reforçam a urgência das iniciativas que vêm sendo estruturadas em Petrópolis. A parceria entre o Conexão Verde, o ICMBio e o ativista Sebastião “Tião” Santos — referência nacional na dignidade dos catadores e na luta por uma reciclagem mais humana e eficiente — chega justamente para enfrentar esse cenário. Com diagnóstico dos catadores, articulação com grandes geradores e campanhas contínuas de conscientização, a presença de Tião pretende fortalecer a coleta seletiva e transformar a relação da cidade com os resíduos. “Estamos abrindo um novo capítulo para Petrópolis. Mas, para que funcione, cada cidadão precisa fazer a sua parte”, reforça César Magno.

.jpg)

Postar um comentário
Gostou da matéria? Deixe seu comentário ou sugestão.