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O Colégio Koeler reuniu, no Centro de Cultura Raul de Leoni, os alunos do 9º ano do ensino Fundamental II para uma apresentação especial do projeto “Literatura in Concert”, iniciativa construída para celebrar a Semana da Consciência Negra por meio da arte, da leitura e da reflexão crítica. Em formato de competição criativa, os estudantes revisitaram cinco contos de Machado de Assis — A Carteira, Um Apólogo, Missa do Galo, A Cartomante e O Imortal — trazendo releituras contemporâneas e conectadas a temas atuais.

 

O diretor do Colégio Koeler, Raphael Louro, explica que a proposta uniu literatura, consciência histórica e discussão racial. “Fizemos o evento ‘Literatura in Concert’ para rememorar contos de Machado de Assis, o nome da literatura brasileira mais reconhecido internacionalmente”, afirmou. A escolha da data não foi aleatória: “Escolhemos esta semana para falar também do embranquecimento de Machado de Assis”, completou.

 

Além de fortalecer o vínculo dos estudantes com a tradição literária nacional — especialmente no 9º ano, etapa em que a literatura brasileira ainda não é trabalhada de forma profunda — o projeto buscou mostrar como a arte pode ser uma porta de entrada para discussões transversais sobre racismo, preconceito, desigualdades e a valorização de pensadores negros ao longo da história. “Também foi uma forma de introduzir a literatura brasileira para o nono ano, matéria que só começa a ser mais trabalhada no Ensino Médio”, reforçou Raphael.

 


O que é o embranquecimento de Machado de Assis

O evento dedicou parte de sua programação à explicação do processo de “branqueamento” ou “embranquecimento” de Machado de Assis, fenômeno histórico e social que consiste na representação e divulgação do escritor — um homem negro nascido no Morro do Livramento — como branco ao longo de décadas. Fotografias retocadas, ilustrações clareadas e registros oficiais reforçaram essa falsa imagem, apagando a identidade racial de um dos maiores autores da língua portuguesa.

 

Esse processo não foi apenas estético: fez parte de um movimento mais amplo de apagamento de referências negras na construção da cultura brasileira. Ao abordar o tema, o Colégio Koeler buscou evidenciar como a imagem pública de Machado foi moldada para se adequar a padrões eurocentrados e como isso impactou — e ainda impacta — a forma como a sociedade compreende sua trajetória e a presença negra na literatura.

 


Criatividade, atualidade e consciência crítica

No palco, os estudantes foram desafiados a reinterpretar os contos clássicos, aproximando-os da realidade contemporânea. Cada grupo apresentou uma releitura autoral, demonstrando domínio da narrativa, sensibilidade estética e capacidade de relacionar literatura e sociedade. O exemplo mais comentado da tarde foi a adaptação de Um Apólogo, cujo diálogo original entre a Agulha e a Linha — sobre importância e vaidade — foi transformado em um debate atual entre o Carregador e o Celular, discutindo dependência tecnológica e relevância no cotidiano.

 

As performances foram avaliadas em formato de competição, e o grupo vencedor receberá um voucher para almoço ou jantar no restaurante Locanda, como forma de reconhecer o esforço artístico e o empenho ao longo do projeto.

 


Educação para a cidadania

Ao promover o evento durante a Semana da Consciência Negra, o Colégio Koeler reforça seu compromisso pedagógico com uma educação que ultrapassa os conteúdos formais e alcança valores humanos, sociais e históricos. O trabalho com Machado de Assis — apresentado em sua complexidade, sem negar sua identidade — permitiu aos alunos compreender não apenas a genialidade literária, mas também como estruturas raciais atuam na formação da memória e da representação cultural no Brasil.

 

Como sintetiza o diretor Raphael Louro: “O evento faz parte da Semana da Consciência Negra e é fundamental para lembrarmos que a literatura nos ajuda a pensar o Brasil de forma crítica, sem deixar de reconhecer a contribuição imensa do povo negro para a nossa história.”.

 

O “Literatura in Concert” encerrou a tarde com aplausos e a certeza de que a escola segue cumprindo o papel essencial de formar leitores conscientes, jovens mais sensíveis ao mundo e cidadãos capazes de questionar, compreender e transformar a realidade.

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