Fotos: Igor Holderbaum

Em um momento em que o Brasil ainda enfrenta expressões de intolerância e violência religiosa, a 5ª Caminhada Contra as Intolerâncias e o Racismo Religioso chega às ruas de Petrópolis, no próximo dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, como um ato de fé, coragem, cultura e união.

 

Com concentração marcada para 9h30 na Praça da Inconfidência e saída às 10h rumo à Praça da Liberdade, o evento reúne adeptos de umbanda, candomblé, pessoas das mais variadas religiões e pessoas sem religião, reafirmando que a luta pelo respeito é uma causa coletiva. Ao final da caminhada, uma homenagem a Zumbi dos Palmares simbolizará a resistência e a ancestralidade do povo negro brasileiro.

 

A Caminhada é uma realização do Coletivo Povo do Santo, com corealização inédita do Instituto Caminho da Roça, instituição que atua em Secretário com ações socioeducativas, culturais, por meio do Programa Nacional dos Comitês de Cultura (PNCC) do Ministério da Cultura / Governo Federal. A iniciativa também conta com o apoio do Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH).

 



Um passo a mais na caminhada pela fé 

 

Para o sacerdote Pedro Nogueira, fundador do Coletivo Povo do Santo e um dos coordenadores da Caminhada, o evento é mais do que um ato simbólico — é uma expressão viva da resistência e da busca por igualdade.

 

“O convite é para todos e todas: coloquem suas roupas brancas, seus fios de conta, tragam seus amigos, amigas e simpatizantes das tradições afro-religiosas. Vamos sair juntos da Praça da Inconfidência, em frente à Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, em um só propósito — caminhar contra as intolerâncias, contra o racismo religioso e em defesa de uma cultura de paz. Essa é uma caminhada pela fé, pela liberdade e pelo respeito que nos une como povo”, afirma Pai Pedro Nogueira, fundador do Coletivo Povo do Santo e um dos coordenadores da caminhada.

 



Cultura, fé e políticas públicas

 

De forma inédita, a edição de 2025 ganha o reforço do Instituto Caminho da Roça, ampliando o alcance social e cultural da mobilização.

 

Para Guilherme Freitas, conselheiro municipal de cultura eleito pelo segmento de Cultura Afro e integrante do Programa Nacional dos Comitês de Cultura do MinC pelo Instituto Caminho da Roça, a parceria é um avanço importante.

 

“Unir o Povo do Santo e o Programa dos Comitês de Cultura do Governo Lula é unir fé e política cultural em um mesmo propósito: combater o racismo e a intolerância. O PNCC tem nos permitido construir pontes entre os territórios e o poder público, transformando a cultura em uma ferramenta real de inclusão e reparação histórica. A Caminhada é parte dessa transformação”, afirmou Guilherme.

 


Avanço e visibilidade como instrumentos de mudança

 

Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), o Rio de Janeiro ainda registra uma média de três ataques religiosos por dia, entre agressões, depredações e ameaças. Em Petrópolis, o Disque Antirracista tem sido uma ferramenta fundamental no enfrentamento dessas violências, mas o desafio ainda é grande, principalmente pela falta de divulgação e estruturação atual.

 

Não se trata apenas de uma caminhada religiosa, mas de um ato em defesa da Constituição, que garante a liberdade de crença e a manifestação cultural. Quando a sociedade marcha junta, ela afirma que nenhuma fé pode ser criminalizada.

 

Além de sua importância simbólica e social, a Caminhada está agora oficialmente inserida no Calendário de Eventos do Município, por meio da Lei Municipal nº 9.045/2025, de autoria da Vereadora Profª Lívia (PCdoB) junto ao Coletivo Povo do Santo — um reconhecimento institucional que reforça o papel da mobilização como instrumento de promoção da paz e da diversidade religiosa.

 

Vale destacar que a cultura afro de terreiro é reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial de Petrópolis, conforme a Lei Municipal nº 8.457/2022, de autoria do Coletivo Povo do Santo, em parceria com o então vereador Yuri Moura (PSOL). Esse marco legal reafirma o compromisso da cidade com a valorização das tradições afro-brasileiras e afro-ameríndias, que contribuem de forma profunda para a identidade cultural petropolitana.


 

Sobre o Coletivo Povo do Santo

 

O Coletivo Povo do Santo é formado por sacerdotes, lideranças e integrantes de religiões afro-brasileiras e afro-ameríndias, além de figuras públicas que militam no combate ao racismo e à intolerância religiosa em Petrópolis. O grupo também atua em eventos culturais, ações educativas e celebrações de matriz africana que fortalecem a identidade e o respeito à diversidade religiosa.

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