A Câmara de Dirigentes
Lojistas de Petrópolis (CDL Petrópolis) chama atenção para o descompasso entre
o avanço da inadimplência reincidente no país e o ritmo mais lento da
recuperação de crédito por parte dos consumidores. Em outubro de 2025, o
Indicador de Reincidência de Pessoas Físicas, apurado pela Confederação
Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e SPC Brasil, levantamento divulgado
nesta quarta-feira (19), mostrou que 84,48% das negativações foram de devedores
reincidentes — pessoas que já haviam aparecido no cadastro de inadimplentes nos
últimos 12 meses.
O dado complementa outra
pesquisa recente que aponta a dimensão do problema: o Brasil tinha, em outubro,
72,17 milhões de consumidores negativados, o equivalente a 43,30% da população
adulta. Ou seja, o universo de devedores é expressivo — e a reincidência,
elevada. Por outro lado, o número de consumidores que conseguiram “limpar” o
nome caiu 7,62% em 12 meses.
Dentro do grupo de
inadimplentes, 63,70% foram negativados novamente sem terem quitado pendências
anteriores, enquanto 20,78% chegaram a sair do cadastro durante o ano, mas
retornaram. Apenas 15,52% dos negativados de outubro não tinham passado por
restrição ao longo do período. O intervalo médio entre o vencimento de uma
dívida e o surgimento de outra, entre reincidentes, foi de 76,5 dias, indicando
que, em pouco mais de dois meses, uma nova pendência costuma surgir.
Nos últimos 12 meses
encerrados em outubro, o número de reincidentes cresceu 7,43%. O cenário,
segundo analistas da CNDL, reflete a dificuldade estrutural das famílias para
organizar o orçamento em um ambiente de juros altos e baixo poder de compra.
Para Claudio Mohammad, presidente da CDL Petrópolis, o dado mais preocupante é
justamente o que conecta a reincidência ao ritmo de recuperação.
“Temos uma parcela grande de
consumidores tentando quitar dívidas, mas o percentual dos que conseguem
efetivamente sair da lista de inadimplentes está caindo. Isso revela um ciclo
duro de romper. A economia não tem dado fôlego suficiente para que essas
famílias se mantenham adimplentes após a renegociação”, afirma.
Número dos que conseguiram “limpar” o nome cai
O Indicador de Recuperação de Crédito do SPC Brasil confirma o enfraquecimento
da capacidade de recuperação: nos 12 meses encerrados em outubro de 2025, houve
queda de ‐7,62% no total de consumidores que limparam o nome. A retração é
ainda mais intensa entre aqueles que levaram de quatro a cinco anos para quitar
todas as dívidas — grupo que apresentou redução de ‐22,90%.
O perfil dos consumidores que
conseguiram recuperar o crédito mostra maior participação da faixa de 50 a 64
anos (23,97%), com distribuição equilibrada entre mulheres (51,44%) e homens
(48,56%). Em média, cada consumidor pagou R$ 2.208,16 em dívidas, sendo que
62,09% quitaram valores de até R$ 500.
Claudio Mohammad ressalta que
este é um momento crucial para estratégias de reorganização financeira. “O fim
do ano traz oportunidades de renegociação e, para quem recebe 13º salário, há a
chance real de recomeçar. Mas é fundamental quebrar esse ciclo da reincidência.
Limpar o nome é só a primeira etapa — preservar o crédito exige planejamento,
educação financeira e um ambiente de crédito mais acessível”, afirma.



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