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 Virgínia Ferreira*

Faz alguns anos que a vida no mundo, refiro-me especificamente aqui ao Brasil, vem enfrentando mudanças rápidas, sobretudo causadas pelo rápido avanço tecnológico. Este tem inúmeras implicações: sensação de passagem do tempo mais rápido; maior consumo e maior descartabilidade dos bens – celulares, TVs, computadores, relógios, carros, motos, roupas, enfim, tudo parece perecer num brevíssimo espaço de tempo, inclusive as relações humanas.

As mudanças acontecem numa velocidade tão grande que, frequentemente, quando conseguimos operar uma mudança, o mundo já fez inúmeras outras. Sentimo-nos atrasados nesse mundo do corre-corre, de troca-troca, do que era moda e verdade ontem, hoje já não o é mais e assim por diante. Soma-se a isso as relações em rede que com a facilidade que nos conectamos, nos desconectamos e desconectamos o outro. É tudo muito simples, prático e rápido. Me aborreceu, desconecto. Aborreci o outro, ele me desconecta. Me interessa, conecto de volta e assim por diante.

O que temos de sólido e duradouro? Onde ancorar meu ser num universo que tudo se liquefaz? O sujeito não se basta sozinho. Vive das relações familiares, sociais, religiosas, profissionais e outras. Como o sujeito para bancar todo seu consumismo precisa trabalhar muito, com isso não tem tempo para pensar nele mesmo. E onde busca solidez e prazer, encontra fugacidade e descontentamento, tornando-se presa fácil das várias formas de sofrimento psíquico: depressão, pânico, fobia, transtornos de ansiedade, crises existenciais e outras formas. Esse sujeito, não é vítima da sociedade, é vítima dele mesmo, pelo fato de: atribuir a sua felicidade ao consumismo e a visibilidade; de tentar reduzir suas relações a relações em rede; de não problematizar a sua própria existência; de não valorizar a sua existência e a existência dos demais, de ser um estranho de si mesmo.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde – OMS(2019), no Brasil: 5,8% (12 milhões) sofrem de depressão e 9,3% (19,4 milhões) sofrem de ansiedade. De acordo com meu entendimento, o motivo que vem agravando a situação é que as pessoas têm dificuldade em recorrer a tratamentos psicoterápicos, em geral, pela longa duração e por preconceito. Hoje, não há porque ser preconceituoso. Quem não sofre psiquicamente? E, ainda, as psicoterapias breves estão aí, não para fazer milagres, psicoterapia nenhuma faz, mas sim, para tratar de forma breve esses desconfortos que transtornam a vida das pessoas, chegando ao ponto de retirá-las da vida social e do trabalho. Não espere que isso aconteça. Percebeu mudança em seu comportamento, busque tratamento. As psicoterapias breves certamente poderão ajudar a livrar-se do sofrimento, do desconforto. Basta que você dê o primeiro passo.  

(*)Psicanalista e Coord. da Pós-graduação em Psicologia Clínica com ênfase nas Perspectivas Breves da FMP/Fase, em Petrópolis.

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