Em um tempo em que os ecos da
desigualdade herdada do período escravocrata ainda reverberam, surge o
espetáculo de dança “Uma dança para nossas histórias”. Concebida como um grito
coletivo por tudo o que ainda não foi dito, a obra reúne talentosos artistas
negros de diferentes territórios do Rio de Janeiro para abordar temas como
negritude, masculinidade e gênero. A peça sobe a serra para se
apresentar no Sesc Teresópolis, na sexta (6), às 19h30; no Sesc
Nova Friburgo, no sábado (7), às 20h; e no Sesc Quitandinha, na sexta
seguinte (13), também às 20h. Os ingressos são gratuitos, disponíveis na
bilheteira.
Reunindo diferentes identidades no elenco, como mulheres trans, homens gays e cisgêneros, esses artistas se unem na criação de uma dramaturgia que entrelace o político, o afetivo e o identitário. Sendo assim, os bailarinos dançam não apenas ao ritmo da música, mas também das suas próprias histórias e vivências com a cidade, família, trabalho e amor. O idealizador do espetáculo Diogo Nascimento reflete. “Desejamos que através desses estímulos de músicas e danças populares, encontremos uma dança singular e plural para dividir e guardar nossas histórias”, destaca.
Há dois anos circulando por
diferentes lugares do Rio, o espetáculo segue em movimento — não só por onde
passa, mas também nas reflexões que provoca. “A gente traz outras visões sobre
a estética negra na arte — sobre o que pode ou não pode um corpo negro representar
no palco, na cena, na rua. Tem algo aí que é meio indefinido, sabe? Ao mesmo
tempo, é tudo e nada. E talvez por isso mesmo seja tão novo esteticamente.
Muita gente que assistiu falou isso: que nunca tinha visto algo assim. Que o
que a gente faz é diferente, é único. E isso é muito potente.”
Surgindo de um processo colaborativo, a peça integra raiva, política, caos e discurso, tecendo uma narrativa coletiva. "Essa peça representa a minha vontade de promover um diálogo que desafia os preconceitos e as barreiras enfrentadas pelos corpos negros nas artes cênicas e o desejo de reunir parceiras e parceiros que a arte me apresentou”, explica.
A intenção não é apenas
apresentar, mas também engajar, reforçando a relevância do debate racial.
“Queremos escurecer os palcos com a arte dos subúrbios e abrir espaço para a
escuta ativa de artistas negros. Além disso, queremos convidar a plateia para o
centro da experiência, permitindo sua interferência no rumo de nossa dança.”
“Uma dança para nossas
histórias” celebra o encontro e a continuidade de artistas. É mais do que uma
performance — é um diálogo aberto, uma experiência compartilhada, num espaço
para reflexão e troca. "Desejo que o público seja abraçado por nossa
criação e que saia refletindo sobre a importância em sermos protagonistas de
nossas histórias”, conclui.
Serviço:
Sesc Quitandinha
Local: Avenida Joaquim Rolla,
2 - Quitandinha, Petrópolis - RJ
Data: 13 de Junho
(sexta-feira)
Horário: 20h
Ingresso: Gratuito
Classificação indicativa:
Livre
Duração: 70 min
Postar um comentário
Gostou da matéria? Deixe seu comentário ou sugestão.