A aprovação, pela Câmara
Municipal de Petrópolis, do projeto de lei que extingue a Secretaria da Pessoa
com Deficiência gerou forte reação da Associação Nenhum Direito a Menos
(ANEDIM), que classificou a medida como um grave retrocesso institucional. A
proposta, enviada pelo governo Hingo Hammes e votada na quarta-feira, 16 de
julho, foi aprovada por dez dos quinze vereadores da Casa, sem emendas, sem
escuta ao Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência e sem qualquer espaço de
debate com a sociedade civil.
Com a aprovação, as
atribuições da antiga secretaria passam a ser absorvidas por uma nova estrutura
administrativa: a Secretaria de Esporte, Lazer, Pessoa com Deficiência e
Mobilidade Reduzida. Para a ANEDIM, a fusão desvaloriza a pauta da inclusão ao
equipará-la a áreas como esporte e lazer, que embora relevantes, têm dinâmicas
e objetivos distintos. “Acessibilidade, inclusão e autonomia não são
entretenimento. A nova secretaria é um puxadinho que simboliza a negligência
institucionalizada”, afirmou Fabiane Simão, presidente da associação, em vídeo
publicado nas redes sociais.
A ANEDIM nasceu da mobilização
de centenas de famílias indignadas com o descaso de operadoras de planos de
saúde, que, desde 2023, passaram a desrespeitar decisões judiciais e suspender
terapias essenciais como fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional.
Hoje, a associação tem presença nacional e atuação jurídica, política e social,
com um núcleo ativo na Região Serrana do Rio de Janeiro. Em Petrópolis, a
entidade vem se destacando na cobrança por políticas públicas estruturadas para
a comunidade PCD.
A forma como o projeto foi
conduzido no Legislativo foi alvo de duras críticas. A entidade destaca que,
além de não ouvir o Conselho da Pessoa com Deficiência, a proposta tramitou sem
qualquer emenda ou audiência pública. Apenas duas vereadoras — Júlia Casamasso
e Lívia Chagas — votaram contra a medida. Ambas foram, segundo a ANEDIM,
vítimas de falas misóginas e agressivas durante a sessão. “Além de desmontar
uma política pública, tentaram silenciar as únicas vozes que se levantaram para
defendê-la”, diz a nota divulgada pela associação.
Para a presidente da ANEDIM,
extinguir uma secretaria exclusiva e jogá-la para dentro de uma estrutura
genérica é inviabilizar políticas públicas sérias. “Essa população precisa de
atendimento especializado, orçamento próprio e equipe técnica dedicada. Relegar
isso a uma subpasta dentro do esporte é institucionalizar o capacitismo”,
declarou Fabiane Simão.
A associação já articula ações
junto ao Ministério Público e ao sistema de controle social para reverter o que
considera uma afronta à dignidade da população com deficiência. A expectativa é
de que o prefeito Hingo Hammes reconsidere a sanção do projeto. Caso contrário,
alertam os representantes da entidade, Petrópolis deixará de contar com
qualquer estrutura autônoma voltada à inclusão.
“Seguiremos mobilizados. Não
vamos nos calar diante do desmonte de um espaço de formulação de políticas
públicas fundamentais. Nenhum direito a menos é o mínimo que exigimos”, conclui
a presidente da ANEDIM.
Vídeo no Youtube:
Serviço
Associação Nenhum Direito a
Menos
@nenhumdireitoamenos.oficial
contato@nenhumdireitoamenos.org
Telefone: (21) 99956-8274
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