Na manhã de ontem, a vereadora Lívia Miranda (PC do B-Petrópolis), primeira parlamentar assumidamente lésbica da história de Petrópolis, esteve na Cidade da Polícia para registrar a ocorrência de um crime de informática do qual foi vítima. A denúncia envolve uma postagem feita em uma página nas redes sociais dedicada a ataques e comentários depreciativos contra sua atuação parlamentar e seus projetos de lei.
Segundo a vereadora, a
publicação tinha caráter discriminatório e direcionado à sua orientação sexual,
usando de forma distorcida um projeto de lei de sua autoria sobre a doação de
leite humano. “Nosso projeto buscava divulgar, ampliar e estimular as
doações ao Banco de Leite Humano do Hospital Alcides Carneiro, o único da
cidade que funciona 24 horas e salva a vida de inúmeros recém-nascidos, especialmente
aqueles internados na UTI neonatal”, explicou.
No entanto, o conteúdo da
postagem desvirtuou a proposta e incitou violência sexual contra a parlamentar,
incentivando que homens fossem até seu gabinete para cometer o crime. “No
mês da visibilidade lésbica, receber uma ameaça que estimulou homens a irem ao
meu gabinete cometer atos de violência obscena é inteiramente repudiável, como
se fosse possível ‘corrigir’ a minha orientação sexual, como se ela fosse algum
erro. É uma tentativa de descredibilizar a minha atuação parlamentar e não
vamos aceitar”, declarou Lívia.
A polícia inicialmente
tipificou o caso como difamação. Entretanto, a vereadora e sua equipe jurídica
irão solicitar a reclassificação da ocorrência como violência política de
gênero — crime previsto na legislação brasileira para punir ataques motivados
por discriminação contra mulheres no exercício de funções públicas.
A advogada Thias Justen, que
acompanha o caso, reforçou a importância do enquadramento correto: “É
importante dizer que a legislação avançou e reconhece a violência política
praticada contra mulheres em decorrência do gênero. Essa violência não respeita
o espaço da Lívia enquanto mulher democraticamente eleita. Não iremos descansar
até que os responsáveis sejam responsabilizados.”
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