A ingestão de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol, um álcool altamente tóxico para o organismo humano, pode provocar sequelas irreversíveis. Em São Paulo, nove casos de intoxicação grave foram notificados em apenas 25 dias, todos relacionados ao consumo de bebidas supostamente adulteradas. A substância é um subproduto da destilação de bebidas alcoólicas que, em processos artesanais ou clandestinos, pode não ser corretamente descartado, permanecendo em concentrações perigosas.


Segundo a Dra. Ana Luísa Quintella Aleixo, médica oftalmologista do Instituto Nacional de Infectologia da Fiocruz, o cenário acende um alerta de saúde pública no Brasil. Quem consome metanol pode apresentar sintomas como visão turva, dores de cabeça intensas, náuseas, vômitos, confusão mental e, em casos graves, cegueira parcial ou total. 


“O metanol é altamente tóxico para o nervo óptico, pode levar ao óbito e não tem tratamento caseiro. Imagine uma situação corriqueira da sua vida: você sai para beber com amigos e, no dia seguinte, sente uma ressaca anormal, deixa de enxergar direito e recebe a notícia de que perdeu a visão de forma irreversível. Foi isso que aconteceu com uma mulher de 40 anos em São Paulo”, alerta a especialista.


Mestre e Doutora em Infecções pela Fiocruz, especialista em Oftalmologia pela UNICAMP e sócia-proprietária da Oftalmo Clínica de Petrópolis, Ana Luísa destaca que, segundo estudos internacionais, entre 30% e 40% dos sobreviventes de intoxicações graves por metanol desenvolvem algum grau de perda de visão. A taxa de mortalidade pode chegar a 30% sem tratamento rápido.


“Não adianta buscar antídotos caseiros. A suspeita de ingestão exige atendimento médico imediato. O tempo é um fator decisivo para evitar danos permanentes”, reforça a Dra. Ana Luísa.


Para a especialista, a prevenção é fundamental. Ela recomenda evitar bebidas de origem desconhecida ou sem registro oficial, desconfiar de ofertas com preços muito abaixo dos praticados, comprar apenas em estabelecimentos confiáveis, com lacre e procedência segura, além de, se possível, evitar destilados no estado de São Paulo neste momento. Em caso de suspeita de intoxicação, é essencial buscar atendimento médico de emergência e informar o tipo de bebida ingerida ou apresentar a embalagem ao serviço de saúde para facilitar o diagnóstico.


“É fundamental que as pessoas entendam que o risco não é apenas uma ‘dor de cabeça forte’, mas sim perder a visão ou a vida. A informação pode salvar vidas”, finaliza a Dra. Ana Luísa Quintella Aleixo.




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