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O projeto Conexão Verde, em conjunto com o ICMBio e o Programa de Pós-graduação em Direito da UNIRIO, acabam de firmar uma parceria estratégica com Sebastião Santos — catador, ativista ambiental e referência internacional após sua participação no documentário indicado ao Oscar “Lixo Extraordinário”. A iniciativa inaugura uma frente integrada de trabalho que busca valorizar os catadores, qualificar grandes geradores de resíduos e estruturar um modelo mais eficiente de coleta seletiva em Petrópolis.


O encontro que consolidou a parceria aconteceu no dia 13 de novembro, com representantes do Conexão Verde, do ICMBio e do próprio Tião. A articulação surge em um momento crucial: os Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) instalados na cidade vêm enfrentando contaminação por resíduos orgânicos e materiais inadequados, o que inviabiliza a reciclagem e causa prejuízos ambientais, econômicos e sociais. Mesmo com a expansão das caçambas e o avanço na coleta de vidro, o descarte irregular ainda impede que toneladas de material retornem ao ciclo produtivo.


Segundo o idealizador do projeto Conexão Verde, César Magno, o apoio do ICMBio e a presença de Tião serão decisivos para transformar essa realidade. “Ter o Tião conosco é trazer para Petrópolis uma das maiores referências do Brasil em dignidade dos catadores e conscientização ambiental. Ele é um símbolo de transformação e vai nos ajudar a despertar a população e os grandes geradores para a importância de cuidar do próprio resíduo e valorizar o trabalho de quem vive disso”, afirma.


A parceria prevê ações contínuas de conscientização e mobilização, articulação com empresas e condomínios, ampliação de caçambas e, principalmente, a organização de um diagnóstico completo dos catadores da região. O cadastro, que começa nesta semana, vai mapear renda, condições de trabalho, estrutura familiar, necessidades e rotinas, etapa considerada fundamental para a formação de uma cooperativa local, capaz de oferecer dignidade, organização e melhores oportunidades de geração de renda.


O chefe da Área de Proteção Ambiental (APA) Petrópolis do ICMBio, Victor Valente, reforça que a iniciativa responde a uma demanda urgente do município. “Petrópolis ainda não possui um sistema de coleta seletiva eficiente, e isso impacta diretamente a vida dos catadores. Hoje, apenas alguns bairros têm coleta seletiva instituída, e muitos trabalhadores ainda precisam retirar material diretamente do lixo, em condições que ferem a dignidade humana. A parceria que estamos iniciando com o Conexão Verde e com o Tião tem como objetivo mudar essa realidade, criando um projeto piloto em regiões como Itaipava e Araras, conectando os catadores aos grandes geradores e oferecendo capacitação, profissionalização e mais oportunidades de renda. Esse é um passo essencial para fortalecer o meio ambiente e transformar a forma como a cidade lida com seus resíduos”, afirmou.


Tião, que lidera o movimento nacional “Eu Sou Catador” e coordena projetos apoiados pela Petrobras e pelo Ministério das Cidades, destaca que Petrópolis está entrando em um momento decisivo. “Nós começamos a organizar a associação de catadores em 2006 para transformar a realidade do maior lixão da América Latina, e vimos de perto o impacto que a organização, o apoio institucional e a capacitação podem gerar. Com projetos como o UsoCata, que desenvolvemos hoje em parceria com a Petrobras, conseguimos melhorar a renda, a formação e a qualidade de vida de milhares de trabalhadores. Ver Petrópolis iniciando esse movimento é muito importante. A cidade está dando um passo real ao conectar catadores e geradores, criar um piloto em Itaipava e Araras e construir um modelo que gera renda, profissionalização e dignidade. É assim que a gente muda a realidade de quem depende dos resíduos para viver”, afirma.


A visita oficial de Tião a Petrópolis vai acontecer ainda neste mês, quando serão iniciados os encontros com catadores, gestores, empresas e lideranças locais. A expectativa é que a união entre Conexão Verde, ICMBio e Tião Santos marque o início de uma transformação profunda na relação da cidade com seus resíduos — com mais consciência, mais inclusão e mais dignidade para quem faz a reciclagem acontecer no dia a dia.

 

 

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