A juventude petropolitana
marcou presença ativa no Primeiro Encontro Nacional da Juventude Negra da União
de Negras e Negros pela Igualdade (UNEGRO), realizado entre os dias 7a 9 de
novembro no Rio de Janeiro. O encontro reuniu centenas de jovens negros e
negras de diversas regiões do país, que se encontraram para construir
coletivamente reflexões, estratégias e caminhos de enfrentamento às
desigualdades raciais e sociais que ainda marcam a realidade brasileira.
Petrópolis foi representado
por Beatriz Conceição dos Santos, estudante do curso de Tecnologia da
Informação e Comunicação (TIC) da FAETERJ, e diretora do coletivo universitário
da UJS Petrópolis (União da Juventude Socialista); Daniel Cruz, estudante de
Ciências Econômicas da Universidade Católica de Petrópolis (UCP) e assessor
parlamentar da vereadora Professora Lívia (PCdoB); e Ricardo Santos, estudante
de Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Os três jovens representaram com
firmeza e compromisso a juventude negra da cidade serrana, levando para o
espaço nacional as experiências, desafios e perspectivas locais de uma geração
que luta por igualdade, dignidade e direito à vida.
O encontro da UNEGRO foi
marcado por intensos debates sobre educação, saúde, cultura, emprego, violência
e as políticas de militarização do Estado, tema de grande sensibilidade no
atual contexto político e social do país. A discussão ganhou ainda mais
relevância diante das recentes operações de segurança pública no estado do Rio
de Janeiro, que resultaram em graves violações de direitos e elevado número de
mortes, especialmente entre jovens negros e moradores de periferias. Esses
acontecimentos expuseram de forma contundente os efeitos do racismo estrutural
e das políticas de segurança que, historicamente, têm produzido violência e
desigualdade social.
Além dos debates, o evento foi
um espaço de formação política, acolhimento e celebração das lutas históricas
do povo negro. Durante o encontro, foi instalado o Fórum Nacional da Juventude
da UNEGRO, um espaço permanente de articulação e diálogo voltado a fortalecer a
atuação da juventude negra nos mais diversos territórios. A proposta do Fórum é
aprofundar a elaboração de políticas públicas voltadas à juventude, promover a
troca de experiências e garantir que os jovens tenham voz ativa nas decisões
políticas e nas pautas do movimento negro em todo o país.
Segundo os organizadores, o
Encontro Nacional da Juventude da UNEGRO representou um passo estratégico na
consolidação de um novo ciclo de mobilização social, pautado na reconstrução do
Brasil sob uma perspectiva antirracista, democrática e popular. Foram
discutidas propostas para o fortalecimento da educação pública e de políticas
de permanência estudantil, o acesso à cultura e às artes como ferramentas de
emancipação, a promoção da saúde integral da população negra e o combate à
violência de Estado e às desigualdades estruturais.
Para Daniel Cruz, um dos
representantes de Petrópolis, o momento foi histórico e de profundo
significado:
“Este foi um momento de enorme
importância não apenas para o movimento negro, mas para toda a juventude negra
de nosso país. A nossa luta pelo direito de viver e de ter acesso a políticas
públicas reais continua. Enfrentamos diariamente a letalidade policial e o
abandono do Estado, que empurram a juventude negra e periférica para a morte —
muitas vezes antes mesmo da vida plena, através da violência simbólica e da
negação de oportunidades.”
Daniel também reforçou a
importância de pensar o papel de Petrópolis nesse cenário:
“Petrópolis é uma das cidades
com maiores índices de racismo no estado. Isso mostra o tamanho do desafio que
temos pela frente, mas também evidencia a força da nossa resistência. A
juventude negra de Petrópolis carrega o potencial de transformação e a garra
necessária para construir uma nova história. Um dia, Petrópolis será a cidade
de todas as pessoas que a constroem diariamente — não apenas um cartão-postal
de um passado imperial, mas símbolo de um futuro mais justo, inclusivo e diverso.”
A presença da juventude
petropolitana no encontro simboliza a ampliação da voz e do protagonismo negro
no município, onde as pautas da igualdade racial, da cultura afro-brasileira e
da representatividade têm ganhado cada vez mais espaço em escolas, universidades
e instituições públicas. Para os jovens participantes, o evento também
representou a possibilidade de fortalecer redes e alianças com outros coletivos
e movimentos de juventude de todo o país, ampliando a construção conjunta de
soluções e resistências.
Para a vereadora Lívia Miranda
(PCdoB), a Professora Lívia — mulher comunista, lésbica e presidente da
Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal, além de autora da Frente
Parlamentar Antirracista — o Encontro da UNEGRO foi fundamental para reforçar o
compromisso com uma Petrópolis mais justa:
“Reafirmo o compromisso de
lutar na Câmara Municipal contra o racismo, a LGBTfobia e pelo emprego e
cultura para a juventude negra. É com a força das ruas e a ousadia da nossa
juventude que seguiremos combatendo o genocídio negro e construindo uma cidade
verdadeiramente para todas e todos.”
Sobre a UNEGRO
A UNEGRO (União de Negras e
Negros pela Igualdade) é uma das principais organizações do movimento negro
brasileiro, fundada em 14 de julho de 1988, poucos dias após a promulgação da
Constituição Federal. Desde então, a entidade tem atuado de forma ininterrupta
na defesa dos direitos humanos, na luta contra o racismo e na promoção da
igualdade racial e de gênero.
Presente em todos os estados
do país, a UNEGRO articula ações nos campos da educação, juventude, cultura,
mulheres negras, saúde, comunicação e combate à intolerância religiosa, sendo
reconhecida por sua capacidade de diálogo com os movimentos sociais e
instituições públicas. Seu objetivo é promover a emancipação da população negra
e a construção de um projeto de sociedade mais justo, solidário e democrático,
combatendo as desigualdades impostas por séculos de escravidão e exclusão
social.
O Encontro Nacional da
Juventude reafirmou o papel central da UNEGRO como espaço de formação,
mobilização e resistência, ao reunir jovens de diferentes origens, regiões e
trajetórias em torno de uma causa comum: a luta por um Brasil antirracista,
onde a juventude negra possa viver, sonhar e construir seu futuro em liberdade.
_“A juventude brasileira quer
viver — e se encontrará nas lutas, em todos os espaços, para garantir isso!” _


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