O período mais chuvoso da
cidade está próximo e, com ele, vem a preocupação com a possibilidade com
deslizamentos. Ocorrências desse tipo podem exigir buscas por sobreviventes ou
vítimas fatais. Para isso, a Prefeitura, por meio da Guarda Civil Municipal
(GCM), está se preparando para o atender à população. Um dos animais do
Grupamento de Operações com Cães está sendo treinado para fazer detecção em
escombros, um trabalho fundamental para tentar salvar vidas, além de reduzir o
tempo até a localização de soterrados e o sofrimento de quem aguarda notícias
sobre um desaparecido.
"Todo trabalho que nós
estamos fazendo nos últimos meses é para deixar a cidade pronta para enfrentar
o período mais crítico de chuva. Temos tomado diversas medidas preventivas, ao
mesmo tempo, em que estamos preparando as equipes que podem ser acionadas para
atender a população. É o caso da Guarda Civil e do Canil, que tem um trabalho de
excelência e muito importante para encontrar vítimas e diminuir a angústia das
famílias que estão buscando seus parentes", ressalta o prefeito Hingo
Hammes.
Taurus
O cão em treinamento é o
pastor belga-mallinois Taurus, que tem menos de um ano idade. Ele chegou ao
canil da Guarda há nove meses e já entrou em treinamento diretamente para o
serviço de detecção em escombros. Algumas características da raça favoreceram para
a escolha do trabalho.
"Além da força, ele não
tem medo, então ele enfrenta qualquer tipo de área, seja mata, areia, pedra,
barro, e isso para gente é muito interessante porque a gente encontra muitos
desses cenários na nossa cidade", disse o agente Luiz Fernando Seabra, um
dos nove agentes que atuam no canil.
O treinamento feito com o
Taurus usa placenta doada pela Universidade de Vassouras como fonte de odor.
Esse material é apresentado todos os dias ao cão, em vários cenários e
condições: enterrados em diferentes profundidades, com dias de diferença de
decomposição, em locais acidentados, sob calor ou chuva, com luz natural ou
não. "A gente tem treinado com ele constantemente dentro dessa dinâmica.
Esse treinamento vem sendo bastante proveitoso", apontou Seabra.
A escolha pela placenta tem
razão científica. "O uso desse material é pioneiro no Brasil. A gente
verificou, junto com a Universidade de Vassouras, que toda vez que a gente
utiliza a placenta como marcador, como fonte de odor, o cão não marca nenhum
outro tipo de tecido. Se tiver outro animal morto na cena, ele vai ignorar o
animal e vai direto na pessoa", explicou o agente Vinicius Silva, que
também faz parte do Grupamento de Operações com Cães.
Outra parte do treinamento do
cão é a socialização dele, afinal, durante a busca em escombros, o cenário do
deslizamento pode ter a presença de várias pessoas, como bombeiros e
familiares, e o cachorro precisa manter o foco na localização de soterrados. No
treinamento, o cão está sendo preparado para latir quando encontrar a vítima.
Isso porque é possível que ele esteja sob uma laje ou em um buraco, e uma
sinalização sonora é mais fácil de ser identificada pelo agente durante o
serviço.
Além do cão, o treinamento
também é feito junto aos agentes que fazem a condução do animal. Cabe ao homem
garantir que nem ele, nem o cão estarão em risco de novos deslizamentos, por
exemplo. "Nós fizemos alguns cursos nessa área de resgate, inclusive com
os Bombeiros de Magé. Passamos um período lá, aprendendo a se comportar. A
obrigação nesse tipo de cenário é dos Bombeiros, a função da Guarda é auxiliar
e acelerar o processo. A gente sempre usa os mesmos protocolos dos Bombeiros. O
agente tem que saber se portar no cenário, tem que trabalhar em parceria com o bombeiro,
porque mesmo após um desabamento, existe o risco de um novo foco. Então a gente
procura manter os agentes atualizados, para que eles entendam o cenário, a
gente faz uma vistoria no local primeiro para ver se existe segurança para o
agente e para o cão", contou Vinicius Silva.
Importância do serviço
A entrada do cão para fazer a
busca em um cenário com escombros ocorre a partir da autorização do Corpo de
Bombeiros e do acionamento da Defesa Civil. "Nesse cenário muito difícil
que a nossa cidade sempre enfrenta, nós somos acionados normalmente pela Defesa
Civil. A gente respeita o protocolo. A gente vai em áreas onde o Corpo de
Bombeiros já está atuando, quando há demora para encontrar pessoas que estão
naquela área onde já foi sinalizado que há necessidade da procura, aí o nosso
cão entra em ação. A gente normalmente faz todo aparato antes de entrar, para a
segurança, e as buscas normalmente, têm êxito", explicou a coordenadora do
Grupamento de Operações com Cães, Cláudia Panisola.
Taurus não é o primeiro cão da
Guarda Civil treinado para detecção em escombros. Esse serviço já existia em
2022, quando a cidade passou pelo maior desastre natural da história. O
cachorro que fazia o trabalho na época ajudou a localizar 18 vítimas.
"Nós temos esse equipamento
na Prefeitura para gente poder dar o suporte para as famílias nesse momento tão
difícil. Nossa expectativa sempre é diminuir esse tempo de espera, essa dor que
as famílias têm. Uma das maiores preocupações que a gente tem é a entrega da
dignidade da família que está ali angustiada, da pessoa que precisa ser
encontrada, para que haja um final, um desfecho dentro daquele cenário. Como as
pessoas se sentem é algo que nos preocupa muito, e é por isso que temos o
treinamento constante", disse Panisola.
"Nossa intenção é sempre
estar pronto para atuar quando a cidade precisa da nossa presença. Sabemos o
quanto que esse trabalho faz diferença para a família que está aflita por
notícias e também para tentar resgatar pessoas que sobreviveram a um deslizamento.
A preparação é a chave para a excelência do nosso serviço e vamos buscar
melhorar cada vez mais", afirmou o comandante da Guarda Civil, Eliel
Silveira.

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