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Através de tons farsescos, o espetáculo toca na moralidade. (Fotos: Juliana Werneck)

Baseado na História Medieval do século XIII, a Satura Cia de Teatro e a Benvenuto Cia Teatral se uniram para a montagem do espetáculo infanto-juvenil “O Flautista de Hamelin”. A História faz uma releitura teatral da famosa e intrigante lenda medieval germânica (ano 1284). A pacata cidade de Hamelin é invadida por ratos. O Rei oferece uma recompensa àquele que acabar
com a praga. Um Flautista errante consegue com sua flauta mágica encantar os ratos e eliminá-los. O mandatário não reconhece o trabalho feito pelo músico que, em protesto, leva embora todas as crianças da cidade.
A versão oferece algumas novidades – tanto perante a história original e a que foi escrita pelos Irmãos Grimm (publicada em 1816) -, quanto às demais versões conhecidas. Além da presença de outros candidatos que tentam ganhar a recompensa, essa nova montagem apresenta a figura da Princesa (vivida pela atriz Christiane Carvalho) que tem papel decisivo na trama. Ela se coloca como figura intermediária na negociação entre o Flautista (Marco Aurêh, que também é o autor do texto, das músicas e da direção) e o Rei (Nathan Cardoso). O conflito aumenta
quando a Princesa se apaixona pelo Flautista para desespero de seu pai. A narração que retrata os encantamentos provocados pelo som da flauta foi inspirada no poema de Robert Browning, poeta inglês que sacramentou a lenda em publicação de 1842 (observem que este ano tem os mesmos números do ano considerado de origem da fábula que foi difundida pela tradição oral germânica).
A Corte de Hamelin é decadente e suja. Tanto no sentido figurado quanto no próprio; a sujeira da corrupção e a sujeira do lixo são evidentes, prato feito para a invasão dos roedores. O ridículo em pompa e circunstância. Através de tons farsescos, o espetáculo toca na moralidade. Critica a má administração pública, a falta de ética, o preconceito à arte e ao artista de rua, principalmente.
O tom básico da interpretação segue a linha da Farsa. O humor bufão remete à Commedia Dell’arte. A música é executada ao vivo e foi composta originalmente para o espetáculo. Ela permeia as principais ações dramáticas. O som mágico da flauta é o principal elemento musical da trama. Os figurinos de época acentuam o clima medieval do conto original.
As situações cômicas giram em torno da relação do Bobo da Corte (Rodolfo Medeiros) com o Rei, figura tosca, arrogante e insensata que recebe o apoio incondicional do seu Conselheiro real (Fábio Branco), emissário do clero e da “sabedoria” institucionalizada. Esses três personagens representam o governo e suas mazelas; o Flautista e a Princesa concebem o masculino e o feminino em relação romântica, bem como a união íntima de classes sociais distintas.
A encenação é dinâmica e utiliza, além do ator em cena, o teatro de animação com bonecos de vara e luva (Cia Articulação) e máscaras (confeccionadas por René Amaral). A ação se desenrola em planos diferenciados. Os figurinos de época (desenhados por Kiko Arantes) acentuam o clima medieval do conto original. Os trajes são rotos, roídos, malhados, escorraçados; houve uma devassa provocada pela praga de roedores que invadiu a cidade. Vale viajar no tempo e conferir essa intrigante saga medieval.

SERVIÇO
Espetáculo infanto-juvenil: O Flautista de Hamelin
Texto, Músicas e Direção de Marco Aurêh
Local: Theatro D. Pedro – Petrópolis-RJ
Dias 13 e 14 de setembro, sábado e domingo, às 17h

Ingressos: R$30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia)

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