Dr. André Sá Earp*
Desde 2008, no Brasil, existem campanhas para conscientizar os homens sobre a
importância da realização de exames preventivos e cuidar da sua saúde. Em 2011
foi criado o Novembro Azul, que acabou ficando conhecido como o mês de combate
ao câncer da próstata.
Muitos homens já ouviram falar sobre a próstata, mas a maioria deles
não sabe qual a função desse órgão e as doenças que nele podem surgir.
A Próstata, presente apenas no homem, é uma glândula que fica
localizada na saída da bexiga e envolve a uretra ( canal por onde passam a
urina e o esperma ). Tem como função produzir líquido prostático que é
fundamental para a fertilidade.
Com o passar da idade, a maioria dos homens vai apresentar um aumento
da próstata
(40 a 50% nos homens com mais de 50 anos), isso não significa que esse
crescimento seja uma doença. É um achado natural do envelhecimento.
A Próstata pode crescer de uma forma benigna (Hiperplasia) ou
apresentar um crescimento maligno (Câncer). É importante ressaltar que
essas duas doenças na fase inicial podem não apresentar sintomas ou os sintomas
serem semelhantes, não se conseguindo fazer uma diferença entre elas apenas
pela sintomatologia.
Como o câncer de próstata é o segundo câncer mais frequente no homem,
atrás apenas do câncer de pele não-melanoma, todos os espaços para
esclarecimento e para a realização de campanhas educativas devem ser
incentivados para tentar diminuir o preconceito e o tabu que os homens ainda
têm em procurar atendimento médico preventivo.
O INCA (Instituto Nacional de Câncer) estima que em 2020 sejam
diagnosticados 65.840 novos casos de câncer de próstata no Brasil. Sabe-se que
1 entre 9 homens vai ser diagnosticado com câncer de próstata durante sua vida
e que 6 entre 10 homens com mais de 65 anos vai apresentar essa doença. Dados
da sociedade americana de câncer mostram que a cada 41 homens diagnosticados
com câncer de próstata, um vai morrer em decorrência da doença. No Brasil, em
2018, ocorreram 15.576 mortes por causa desse tumor. Felizmente, quando
detectado precocemente a chance de cura é de mais de 90%.
Existem alguns fatores de risco para o desenvolvimento desse tipo de
câncer: A idade, parentes de primeiro grau (pai ou irmão) com câncer de
próstata, obesidade e a exposição a alguns produtos químicos.
Para que possamos diminuir o número de mortes por câncer de próstata, o
diagnóstico na fase inicial da doença é fundamental.
Para detectar o câncer é necessário que o homem seja submetido a alguns
exames: o toque retal, dosagem de PSA no sangue e, de acordo com os resultados
dessa avaliação inicial, podem ser necessários alguns outros testes. É
importante ressaltar que nenhum desses exames isoladamente pode afirmar com
certeza se o homem tem câncer prostático. Para exemplificar, o exame de PSA no
sangue pode falhar em até 20% dos casos. Outros métodos diagnósticos que podem
ser solicitados em caso de alguma suspeita, são: a Ressonância Magnética a
Tomografia Computadorizada e a Cintilografia óssea. A biópsia da próstata é o
único exame que confirma com certeza a presença do câncer.
Existem várias formas de tratamento que deve ser individualizado caso a
caso. Os principais são a vigilância ativa, a cirurgia radical, a radioterapia
ou a hormonioterapia.
Atualmente, a Sociedade Brasileira de Urologia, Academia Americana de
Urologia e a Sociedade Européia de Urologia recomendam que homens acima de 45
anos, com algum fator de risco ou os homens acima de 50 anos, procurem o
urologista.
Nesse ano atípico em que estamos vivendo a pandemia pelo COVID-19,
embora tenha sido recomendado que os pacientes com suspeita ou com câncer
confirmado continuassem seus tratamentos médicos, o que vimos na prática foi
uma redução na procura para consultas de rastreio e uma diminuição do número de
cirurgias. Muitas pessoas ficaram com medo de ir ao hospital ou ambulatório
temendo o contágio pelo SARSCOV-2.
É claro que devemos seguir as recomendações das autoridades de saúde,
evitando aglomerações, usando máscaras, higienizando as mãos e os ambientes,
mas não podemos deixar de procurar atendimento médico para consultas
preventivas e de controle de doenças crônicas.
Precisamos ter a certeza de que a melhor forma de cuidar da saúde é tomando as medidas preventivas para detectar, se presente, qualquer doença na sua fase inicial com maior possibilidade de cura completa.
(*)Médico urologista e professor da UNIFASE/FMP.
Leia também:
Gratidão pós-Covid emociona profissionais em hospital de Petrópolis
FMP antecipa formatura para aumentar número de profissionais no enfrentamento à COVID-19