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Bruno Saglia com Ana Mayworm


Às vésperas das comemorações pelos 200 anos de colonização alemã no país, Petrópolis prepara documentário sobre a chegada dos primeiros colonos germânicos
 

 

 Depois de quase três meses de viagem em navios em condições precárias para vencer mais de nove mil quilômetros, os primeiros colonos alemães que chegaram a Petrópolis em 1845, depois de subirem a pé a serra se depararam com um cenário pouco acolhedor: o erro em uma correspondência dobrou o número de pessoas previstas para chegar à cidade. Ao invés de 600 pessoas, chegaram 600 famílias, mais de 2.300 pessoas. 

 

Sem acomodação para todo mundo o improviso e a dificuldade foram marcantes. Nos anos que se seguiram, os braços fortes de homens de várias profissões formaram o que hoje é a cidade, joia incrustada no alto da Serra da Estrela.  Relatos preciosos de quem descende dos primeiros colonos e que perpertua a história passada de pai para filho, herança de costumes e tradições e que chegam até os desafios dos dias atuais estão no filme “Legado Germânico em Petrópolis”, o primeiro documentário sobre o tema realizado na cidade, às vésperas das comemorações pelos 200 anos de colonização alemã no país.

 

Previsto para ser lançado em dezembro, o documentário iniciou gravações esta semana depois de 60 entrevistas em quase três meses de pré-produção. O filme, que é uma iniciativa do Petrópolis Convention e Visitors Bureau, ganhou aporte de empresas da cidade. Esse pool de recursos garantiram a execução do projeto, uma forma indireta de publicidade voltada para o turismo que, ao mesmo tempo, homenageia e preserva a história da cidade.

 

“Encantamento define as histórias que temos colhido. São faces que mostram a emoção em lembrar do que foram os antepassados e transformar esse legado em experiência de vida. São detalhes ricos, minuciosos, histórias de vida impressionantes”, afirma o cineasta Bruno Saglia da SG! Company Filmes que assina a direção e produção.  Considerado um dos grandes nomes da atualidade, ele assina o roteiro com Jane Saglia, produtora executiva do filme.


Maestro Marco Aurélio Lischt durante gravação na Igreja Luterana


A Igreja Luterana, primeiro templo de confissão evangélica construído na cidade, a Casa da Princesa Isabel e até mesmo o Cemitério Municipal, são locais das gravações que, é claro, iniciaram pela Casa do Colono, a última remanescente da época, construída e habitada pelos trabalhadores, hoje um Museu visitado por turistas internacionais.  O cineasta Bruno Saglia também gravou com personagens contemporâneos importantes como Neyse de Lioy, que durante muitos anos foi diretora cultural do Clube 29 de Junho, entidade que iniciou em 1985 as celebrações da cultura germânica e que acabaram transformando o evento na segunda maior festa do gênero no país, a Bauernfest.

 

Neyse, que possui mapas originais do traçado da cidade, tem uma vasta coleção de objetos que remetem à época e, no documentário, faz um relato sobre a 2ª Guerra Mundial, momento doloroso que afetou seus pais e memória viva nas histórias que guardou.

 

Com 86 anos, Neyse, acredita que o filme possa dar início a uma nova fase da preservação cultural da cidade. “Ao contrário do Sul onde os colonos se estabeleceram em áreas rurais, Petrópolis recebeu os colonos em uma área urbana, da Corte Imperial. Isso influenciou no viver desta cultura germânica que ficou mais, digamos, branda. Com a Bauernfest, que mesmo com 32 anos podemos dizer que é recente, iniciou-se esse resgate e acredito que agora podemos avançar mais e que a cultura germânica seja mais pujante e que atraia mais visitantes”, considera.

 

A Familia Scharder, também no filme, descendente dos primeiros germânicos que chegaram à cidade, é apaixonada pela gastronomia alemã, e divide as receitas especiais e tradicionais e as mais contemporâneas em um menu especial no restaurante que funciona no centro da cidade, tudo, claro, regado aos chopes artesanais e cervejas especiais.

 

Ana Mayworm, do alto dos seus 87 anos, participa de forma lúcida e espirituosa do documentário e faz um relato sobre o bisavô, que veio na primeira leva de colonizadores que chegaram a Petrópolis e com quem conviveu e ouviu, diretamente, muitas histórias. Resguardando costumes e tradições, Ana conta que, mais à frente, já moça, trouxe para a cidade a primeira máquina industrial para tecer lã, da Inglaterra. Na época, foi um investimento e tanto em Petrópolis que só tinha às mãos tecidos de flanela que não combatiam o frio de inverno.  Ana, pode-se dizer, foi a dona da primeira malharia da cidade, um nicho de mercado que impulsionou a economia de Petrópolis décadas depois, por volta dos anos 80.

 

“São histórias ricas não apenas do ponto de vista histórico, mas histórias de vida”, afirma Saglia, ele próprio um descendente de alemães, natural do Rio Grande do Sul. O cineasta já se considera um petropolitano pelas afinidades com a cidade onde já gravou produções como “O Garoto” e “De repente, eu te amo”. “Me sinto em casa realmente e esta identificação aguça ainda mais a curiosidade, o querer conhecer os detalhes desta gente que teve a coragem de cruzar um oceano em uma época de poucos recursos para viver uma vida nova e criar uma nova cidade”.

 

Claquete filme


O PC&VB comemora o início das filmagens como uma vitória para Petrópolis.  “O objetivo principal que é eternizar esta história esta sendo cumprido de forma encantadora, um resultado final que vai surpreender. E por outro lado queremos, com o filme lançado em plataformas de streaming, mostrar ao mundo Petrópolis como destino turístico”, afirma o presidente do Petrópolis Convention e Visitors Bueau, Fabiano Barros.

 

Entidades como a Câmara de Diretores Lojistas, Serratec, Parque Tecnológico da Região Serrana e o Sindicato do Comércio Varejista (Sicomércio) são patrocinadores do filme, assim como empresas como a Kastel Hotéis, Casa do Alemão, CRAS Brasil e Sola Construtora. O documentário ainda tem o apoio da Katz Chocolates. A prefeitura de Petrópolis também tem papel preponderante na execução do projeto.

 


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