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Dr. Ricardo Tesch e Dra. Reem Hamdy Hossameldin 



O funcionamento do corpo humano ainda é envolto em mistérios, que aos poucos vão sendo desvendados pela ciência, responsável por estudar e entender como cada órgão, veia, osso e articulação se comporta e se complementa para o pleno funcionamento do organismo. Em Petrópolis, o Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis possui um grupo de pesquisadores que se debruça em analisar diversos segmentos, em busca de melhorar a qualidade de vida das pessoas, através de propostas para novos tratamentos que proporcionem ainda mais eficácia no combate às doenças crônicas, especialmente as degenerativas, como a osteoartrite.

 

Responsável pela movimentação da mandíbula, a articulação temporomandibular (ATM) permite que sejam realizados todos os complexos movimentos mastigatórios. Sujeita à diversas patologias, por condições multifatoriais, essa articulação pode ser acometida pela osteoartrite, que se apresenta como a forma mais comum de doença degenerativa na região facial. 

 

“O quadro clínico pode ser muito semelhante ao de outras disfunções temporomandibulares, o que torna o diagnóstico dos processos degenerativos ainda um desafio para a odontologia. Inúmeros fatores que podem contribuir para o surgimento do problema, como doenças autoimunes e reumatológicas, traumas diretos ou indiretos na mandíbula, e determinados comportamentos orais, como o de manter os dentes em contato ou apertados, durante o sono ou vigília. Dores espontâneas ou estimuladas na região `a frente da orelha, ruídos articulares durante a abertura e/ou fechamento da boca são alguns indícios da existência de alguma alteração interna da ATM”, explica Dr. Ricardo Tesch, coordenador do Curso de Pós-graduação em DTM e Dor Orofacial  e coordenador do Laboratório de Medicina Regenerativada UNIFASE/FMP

 

Há alguns anos, acreditava-se que a osteoartrite era um processo natural de envelhecimento. No entanto, os constantes estudos sobre a doença revelaram que apesar de acometer principalmente pessoas de idade mais avançada, ela pode ocorrer em qualquer etapa da vida. Especificamente no que se refere `a ATM, a maior prevalência está em mulheres jovens, em idade reprodutiva, provavelmente devido a influências hormonais relacionadas ao ciclo menstrual. 

 

“Sem o tratamento adequado, a doença pode determinar a diminuição da funcionalidade da articulação. Atualmente, dispomos de uma variedade de tratamentos, que vão desde o uso de fármacos orais para o controle da dor e inflamação, as injeções intra-articular. Há também a possibilidade, pouco frequente, do tratamento cirúrgico, de acordo com o grau da osteoartrite”, comenta Dr. Ricardo Tesch. 

 

Focados em garantir mais qualidade de vida aos pacientes acometidos pela doença, Dr. Ricardo Tesch e a Dra. Reem Hamdy Hossameldin estão desenvolvendo uma nova técnica para tratamento. A “Artroscopia minimamente invasiva do compartimento inferior da ATM guiada por imagens de ultrassom” é uma proposta para que os profissionais consigam usar uma ótica artroscópica muito fina, do tamanho da agulha utilizada atualmente para fazer uma injeção dentro da articulação, para aplicar essa mesma injeção, mas de maneira guiada com visualização direta. 



 

“Para o sucesso das terapias que nós desenvolvemos na Medicina Regenerativa, seja com agregados plaquetários ou terapias celulares, é fundamental que elas sejam depositadas com precisão no local. A injeção cega ou mesmo a injeção guiada por ultrassom, que é como a gente faz hoje, ainda perdem um pouco para a possibilidade de fazermos a deposição direta com visualização precisa, através dessa ótica que não é mais invasiva do que a própria agulha, porque é do mesmo diâmetro. No entanto, como o acesso é muito difícil, também estamos fazendo uma técnica híbrida, onde usamos a guiagem pelo ultrassom para termos a segurança de colocar a ótica dentro da articulação com menor risco de danos a outros tecidos e com maior precisão. Com a visualização direta, a gente faz a injeção. Estamos trabalhando na publicação de uma nota técnica para mostrar aos profissionais essa possibilidade, que vai beneficiar muito os pacientes e também as pesquisas que são realizadas na UNIFASE/FMP, pois é mais uma ferramenta com a proposta de aprimorar a aplicação das terapias que desenvolvemos, ou seja, mais sucesso nos nossos resultados”, destaca o pesquisador, professor da UNIFASE/FMP, atualmente investigador principal do primeiro ensaio clínico em humanos envolvendo o transplante autólogo de condrócitos derivados do septo nasal para a regeneração da ATM. 

 

Os estudos, que inicialmente foram realizados pelos professores em Michigan, para analisar se a técnica serviria à proposta inicial, sendo capaz de entrar no compartimento tão pequeno e se permitiria boa visualização, deram certo e os pesquisadores redigiram um protocolo para que pudessem seguir passo a passo e iniciar os testes em cadáveres. A etapa prática foi realizada em novembro deste ano, em Juiz de Fora, em um curso que ocorreu no Instituto CRISPI, em parceria com a UNIFASE/FMP

 

“Realizamos o curso já na parte prática, em cadáveres frescos que foram descongelados, importados dos Estados Unidos com toda a segurança. Aproveitamos o período que antecedeu o curso para trabalharmos nesses cadáveres, simulando as condições mais reais possíveis e aplicando toda a técnica, que foi muito bem-sucedida. Nós fotografamos e filmamos todo o procedimento. Inclusive, depois das injeções, abrimos as articulações para termos certeza de que realmente tínhamos conseguido fazer a injeção no local preciso. Agora, estamos redigindo o artigo científico para ser publicado ou submetido à publicação em uma importante revista da área de cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial. Os próximos passos serão submeter um estudo clínico para validar em humanos essa técnica, uma vez que ela já se mostrou viável e segura nos testes realísticos que foram realizados em cadáveres”, revela o pesquisador.

 

Com tantas novidades e muito conhecimento a ser disseminado, o professor Ricardo Tesch formulou o Curso de Extensão “Diagnóstico e controle de osteoartrites temporomandibulares”, 100% EAD, que  ocorrerá de 17 de dezembro a 04 de março de 2022. A proposta é capacitar os cirurgiões-dentistas para o correto diagnóstico, estadiamento e determinação dos diferentes fenótipos da osteoartrite da ATM, além da seleção das terapias e dos métodos de injeção intra-articular mais adequados para cada paciente, demostrando a execução das técnicas de artrocentese e injeção intra-articular, às cegas ou guiadas por imagens de ultrassom em tempo real, tanto no compartimento superior quanto no inferior da ATM.

 

“Na verdade, o curso vai abordar as técnicas já existentes de controle da osteoartrite temporomandibular, desde o diagnóstico clínico e por imagens, até a seleção de tratamentos conservadores, minimamente invasivos e invasivos já baseados em evidências, técnicas de guiagem por ultrassom, além de propostas de inovação com foco em medicina regenerativa. É um curso completo, desde a base até a inovação”, finaliza Tesch.  


Outras informações sobre o curso e as inscrições, que devem ser realizadas até o dia 25 de fevereiro de 2022, estão disponíveis no site: www.unifase-rj.edu.br.

 



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