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Dra. Míriam Heidemann*

2020 representa o bicentenário de nascimento de Florence Nightingale, aquela que tornou a Enfermagem uma profissão da saúde, com alto grau de treinamento científico, cultural, afetivo e psicomotor.
Por ironia do destino, não poderemos festejar Florence neste ano... não temos tempo! Vivemos a pandemia pelo vírus Covid-19, junto com ele, a pandemia do medo, e, posterior a ele, as crises econômicas, que trarão outras inúmeras doenças.
Neste universo de incertezas, nós, enfermeiras e enfermeiros, estamos 24 horas na linha de frente de todos os serviços de saúde do país: atenção básica, emergência, triagem, hospital, UTI, etc, além dos cuidados com as nossas famílias e colegas de trabalho.
O Covid 19 tem esta peculiaridade... a atração pelo sistema respiratório. É um sintoma que me comove profundamente: a dificuldade em respirar. Me desdobro em estudar posições, medicações, tipos de leitos, ambiente, cuidados de conforto, e todas as possibilidades de atenção para promover algo tão sagrado: respirar. Talvez não tenhamos respiradores para todos, se a pandemia potencializar. Mas, nós, enfermeiros, vamos tentar.... e tentar sempre uma grande ideia, um inimaginável confronto com o vírus, num pequeno cuidado, que poderá fazer pouca ou muita diferença.
Na minha prática, participei, na linha de frente, em muitas epidemias. Cada uma com sua especificidade. Naqueles momentos de cuidado, sentia-me verdadeiramente uma enfermeira, completa na minha potencialidade.  Porque quanto mais imprevisível e trágica uma situação de saúde... é o meu universo de encontro. Ali, no ”front” do cuidado, constato a precariedade humana. Vejo o que um vírus é capaz de fazer... parar um planeta... e cada um de nós, enfermeiras (os), se entrega ao árduo exercício de guerrear com um inimigo invisível, algo inconcebível para a racionalidade.
Uma rede social publicou a quantidade de enfermeiros mortos, em contaminação, no trabalho, pelo Covid 19. Olhamos a lista, sabemos que nosso nome poderá estar lá em algum momento, mas não amedronta. Vamos ao trabalho!
Eu diria que estar na linha de frente numa pandemia é revigorar a humanidade, é superar-se, vencer o egoísmo, e doar-se para quem precisa daquilo que sabemos, e que pode atenuar o sofrimento de tantos... afinal, Enfermagem é ciência e arte... aliás, a mais bela das artes: o cuidado com a vida!   

(*)Enfermeira, coordenadora dos cursos de bacharelado e licenciatura em Enfermagem da FMP/Fase.

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